Pela primeira vez será realizada uma campanha nacional de prevenção da violência contra a mulher e do abuso sexual no transporte coletivo que envolve passageiros, motoristas e cobradores de ônibus. Esse é o principal diferencial da campanha “Ônibus é lugar de respeito! Chega de abusos!”, lançada neste mês de março em Brasília como parte da celebração do mês da mulher. A iniciativa será estendida a outras cidades.
A campanha é uma iniciativa da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e do Serviço Social do Transporte / Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest-Senat), em parceria com prefeituras e empresas operadoras do transporte público.
A preocupação com os casos de abusos no transporte público (22% das ocorrências ocorrem nesse ambiente, segundo pesquisa Datafolha de 23/12/17) motivaram a ação, que envolve uma campanha publicitária e a capacitação de cobradores e motoristas profissionais de ônibus para lidar melhor com esse tipo de violência. Embora não seja centrada no estímulo à denúncia, a campanha pede que os usuários não ignorem ocorrências deste tipo e oferece opções de telefones que podem ser acionados se a situação de abuso ocorrer.
Os materiais de campanha incluem cartazes nos ônibus, folhetos para distribuição a bordo e nos terminais de passageiros, busdoor, com a opção de conteúdo para uso interno e externo, e adesivação dos veículos, entre outros.
Um dos pontos de maior atenção nesse trabalho, a capacitação dos profissionais do transporte, já tem previsão de turma-piloto prevista para 18 de junho. O primeiro encontro com profissionais das empresas de ônibus foi realizado no dia 23 de fevereiro e serviu para dar subsídios para a elaboração do curso e seu respectivo material didático, a cargo do Sest-Senat, em parceria com a NTU e o UNFPA (Fundo de População da ONU). O curso estará disponível para todas as empresas de transporte público do país a partir do segundo semestre.
Para a NTU é fundamental que a sociedade entenda que os ônibus são espaços de convivência social e, por esse motivo, devem ser percebidos como lugares seguros e acolhedores, de uso coletivo, onde as regras da boa convivência devem ser aplicadas por todos e onde atitudes abusivas não serão toleradas. “Essa questão do abuso é do interesse de toda a sociedade. Por isso, a campanha não é centrada no estímulo à denúncia, mas na promoção do respeito às passageiras e no engajamento da comunidade de passageiros e passageiras do transporte para tornar o transporte coletivo um espaço livre de abusos”, diz o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha.
A diretora-executiva nacional do Sest-Senat, Nicole Goulart, lembra que a violência contra a mulher é considerada problema social, por isso existe o caráter didático da campanha. “Nós, do Sest-Senat, estamos engajados em sensibilizar e capacitar os trabalhadores do transporte para que eles tomem consciência do problema e se tornem referência no setor em atitude de respeito e proteção da mulher”.