Todos os dias, 3.907 pessoas pulam a catraca e embarcam nos ônibus de Curitiba sem pagar a tarifa. Essa média foi obtida em pesquisa realizada em agosto pelas Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana e representa alta de 3,1% em relação ao mesmo mês de 2016 (3.790). O prejuízo com os chamados fura-catraca chega a R$ 500 mil por mês ou R$ 6 milhões por ano, equivalente ao valor de seis biarticulados novos.
“O que nos assustou nessa pesquisa foi o aumento das invasões por passageiros comuns”, disse o diretor executivo das empresas, Luiz Alberto Lenz César. Na classificação do levantamento, o passageiro comum é aquela pessoa que o cobrador via que ela costumava pagar a passagem e de repente passou a pular a catraca. Na soma dos sete dias pesquisados, o total de passageiros comuns que embarcaram sem pagar a tarifa subiu 40%, de 6.967 em agosto de 2016 para 9.750 em agosto deste ano.
Para Lenz César, a facilidade de furar a catraca contribui sobremaneira para o aumento desse tipo de crime. “A estrutura das estações-tubo nem ao menos dificulta a vida do invasor.” Ele destaca também a falta de punição. “Se não houver uma pena, é bem provável que a pessoa continue furando a catraca, pois percebeu que nada acontece.”
A Câmara Municipal de Curitiba aprovou em maio de 2016 uma lei contra os fura-catraca, prevendo multa de 50 passagens (hoje, R$ 212,50), porém ela ainda depende de regulamentação sobre a fiscalização. “Se existe a lei, ela tem de ser cumprida”, cobrou Lenz César.
Rio Barigui: mais gente fura a catraca do que paga a tarifa
A estação-tubo Rio Barigui, sentido bairro, figura em oitavo lugar no ranking geral de invasões. No entanto, ao se comparar o número de pessoas transportadas com o número de fura-catraca, percebe-se que mais pessoas invadem do que pagam a tarifa nesse ponto de cobrança. Nos sete dias pesquisados, 960 passageiros foram transportados, porém 499 (52%) embarcaram sem pagar. No sentido centro, essa estação foi a campeã no total geral de invasões: 945 nos sete dias, isto é, média de 135 por dia.
“O sistema de transporte já opera em dificuldades financeiras e não pode perder receita desse jeito. Precisamos de forma urgente uma ação efetiva no local. Se continuar assim, talvez seja o caso de repensar o funcionamento dessa estação-tubo”, afirmou Lenz César.
Um outro caso que chama a atenção é o da estação-tubo Fanny, sentido Pinheirinho. O número de fura-catraca saltou 155% na comparação entre os sete dias de agosto de 2016 (188 invasões) com o mesmo mês deste ano (479).
Metodologia
A pesquisa foi feita de 7 a 13 de agosto de 2017 em todos os 294 pontos de cobrança (estações-tubo e bilheterias). O levantamento foi feito em cinco dias úteis, um sábado e um domingo, a fim de se obter como resultado a média diária de invasões. “Essa é uma contribuição das empresas de ônibus no sentido de mapear os locais com mais incidência de fura-catraca para que os órgãos competentes possam tomar providências”, argumentou Lenz César.
A pesquisa pode ser consultada aqui.