Biarticulado completa 30 anos de operação

Modelo acompanhou a evolução da cidade

26/08/2022 |

O ônibus biarticulado completa neste segundo semestre 30 anos de operação. Foi em 1992 que o veículo de prefixo ED001, na cor prata, da Auto Viação Nossa Senhora do Carmo, entrou na canaleta para fazer história em Curitiba, no transporte coletivo e na vida de muitas pessoas. 

Ademir Aparecido da Silva, o Dedé, de 56 anos, motorista da empresa à época, lembra que o biarticulado ficou alguns dias em exposição, antes de começar a operar, na rua em frente ao Círculo Militar, no centro da cidade, para que a população conhecesse o modelo. “Depois, nos primeiros dias de operação, as pessoas paravam na rua para observar e aplaudir o ônibus”, conta ele. “Eu me achava o máximo”.

Não era para menos. Os motoristas de biarticulado usavam um uniforme diferente dos demais, calça e camisa cinzas, em um padrão mais social. Eles também passavam por um treinamento específico para dirigir esse gigante, na época de 24,5 metros de comprimento. Além disso, o cargo atraía mais olhares, digamos assim.

Os primeiros 33 biarticulados vieram na cor prata e operavam na Avenida Marechal Floriano Peixoto, linha 503 – Boqueirão, ligando a Praça Carlos Gomes ao Terminal do Boqueirão. Foi só três anos depois, na ampliação da frota em 1995, que os novos 66 biarticulados vieram na cor que hoje lhes é característica: vermelha. Em 1998, com o início da operação da linha Circular Sul nos dois sentidos, aqueles primeiros 33 biarticulados prata foram pintados de vermelho. Hoje são 131 no sistema.

A linha 503 – Boqueirão ainda existe e é operada tanto com biarticulado quanto com articulado. O Dedé também continua como motorista de biarticulado. Ele já tem 33 anos de profissão. “Passei a vida praticamente dentro de um biarticulado. Amo o que faço, então nem parece que trabalhei”, comentou. “O biarticulado acompanhou a evolução da cidade, transportando mais pessoas com segurança e conforto”.

Evolução

O gestor operacional da Viação Tamandaré Urbana, Eduardo Tows, explicou a evolução do veículo com alguns exemplos. Antigamente, o ônibus abria as portas quando o motorista pisava no freio e acionava o botão correspondente. Acontece que, se isso fosse feito com o veículo em movimento, as portas abriam do mesmo jeito. Hoje, explica Tows, as portas só abrem com o ônibus totalmente parado.

Os freios, antes à lona, hoje são a disco. O sinal de fechamento das portas, antes uma campainha, hoje é uma mensagem de voz: “Portas fechando”. Curiosa também era a forma do aviso das paradas, com uma fita cassete reversa automática, com todos os problemas conhecidos quando a fita enrolava. Hoje as paradas são georreferenciadas. “O ônibus cresceu também. Passou de 24,5 metros de comprimento para 28 metros”, disse Tows.

Sonho

Dirigir um ônibus biarticulado ainda é o sonho de muitos profissionais. Ronaldo Santos de Almeida foi cobrador por 20 anos e agora está finalizando o treinamento para finalmente estar atrás do volante desse gigante. “É o sonho de todo motorista”, afirmou. “Fiz a requalificação oferecida pela empresa, comecei nos ônibus pequenos, passei para o articulado e agora o próximo passo é o biarticulado”. 

Tanto Dedé quanto Ronaldo acreditam que o biarticulado continuará a fazer parte do sistema de transporte da capital daqui a 30 anos, com algumas evoluções. Eles acreditam que os veículos serão elétricos, ainda mais seguros e confortáveis, proporcionando mais qualidade de vida à população e à cidade.

História

Curitiba foi a primeira cidade do país a adotar o biarticulado no transporte coletivo. O veículo projetou o sistema BRT, de corredor exclusivo aos ônibus, para o mundo. Atualmente, mais de 180 cidades copiaram o modelo curitibano. “É um orgulho fazer parte desse sistema de transporte que é referência mundial em mobilidade urbana”, disse o presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba (Setransp), Mauricio Gulin.

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